Porque este site existe? e robôs

Publicado em

1 de jun. de 2025

Topico

Reflexões

Começo este espaço com um compromisso simples: transformar a pilha de cadernos e arquivos cheios de anotações sobre robôs, design e processos em histórias que sirvam um propósito. Quero relatar o que aprendo, falhas e pequenas vitórias que tornam o dia a dia menos barulhento e mais intencional.

Este espaço não pretende se tornar um blog viral nem surgir com manchetes do tipo “3 dicas infalíveis para mudar a sua vida!”. Ele vem justamente por eu não aguentar mais este tipo de jargão onipresente. Meu interesse é em escrever sobre minhas experiências e aprendizados da forma que eu achar melhor, mesmo. Eu vou tentar destilar coisas que são importantes para mim em textos que me ajudam a melhor absorvê-las.

E se isso for útil a mais alguém, joia!

Quem sou eu?

Eu sou de Realeza, no sudoeste do Paraná. Cresci crente de que meu futuro estava na carreira de Direito e, como todo jovem certo de seu futuro, eu estava errado.

Eu poderia gastar muitos caracteres explicando como passei os meus primeiros anos de infância viajando e mudando de cidade diversas vezes até, finalmente, me estabelecer no Rio Grande do Sul. Mas acho que o único detalhe que realmente importa aqui é: tenho pais que lutaram e me apoiaram desde o princípio, e seguem até hoje. Sempre tive uma família e uma casa que, quando o mundo estava desmoronando, estavam ali para mostrar que, na verdade, não estava.

Por isso, eu sou a pessoa mais sortuda do mundo.

De repente, robôs

Em 2011, já morando no Rio Grande do Sul, entrei para a equipe de robótica Under Control 1156, do Colégio Marista Pio XII em Novo Hamburgo, que participava da FIRST Robotics Competition, a maior competição de robótica do mundo. Os dois anos seguintes passaram longe de ser notáveis para a equipe: construímos robôs que mal executavam as funções básicas do jogo e, por isso, perdemos frequentemente.

Esse foi o ponto alto do nosso robô em 2012, conseguindo equilibrar com a equipe 971 na balança central.
Esse foi o ponto alto do nosso robô em 2012, conseguindo equilibrar com a equipe 971 na balança central.

Recapitulando: por dois anos seguidos passamos de 3 de janeiro a 24 de fevereiro — em plena férias de verão — trabalhando em média 10 horas por dia na escola; viajamos para um evento nos Estados Unidos e, mesmo assim, nosso robô não conseguia contribuir ativamente em quadra.

Foi por isso que essa fase me ensinou muito mais que qualquer outra; foi em uma destas derrotas para as grandes equipes americanas do Vale do Silício que eu percebi uma coisa:

Se os americanos conseguem construir equipes e máquinas vencedoras, nós também podemos, e podemos ir além.

Entendemos que precisávamos mudar de rota: não bastaria ser a equipe brasileira que “lutou muito para participar”. Decidimos ser a equipe que, apesar da distância e dos recursos limitados, compete de igual para igual, eleva o nível do jogo e prova que excelência também fala português.

A virada começou em 2014. Após muito benchmarking, captação de recursos e incontáveis horas de estudo, a equipe finalmente encontrou seu ritmo: evolução constante em estratégia, engenharia e cultura. Naquele mesmo ano, recém-formado no ensino médio, comemoramos nossa primeira vitória em quadra e a tão esperada classificação para o Mundial.

Eu segurando meu primeiro troféu na FRC em 2014
E claro que a minha mãe estava lá para tirar uma foto minha com o troféu.

Desde 2014 colecionamos mais de 30 prêmios e garantimos 12 classificações consecutivas para a etapa Mundial. Marcos que, para mim, significam muito mais do que troféus: comprovam que nossa cultura de aprendizado realmente funciona. Consolidamos práticas de engenharia de produto, implantamos rotinas de coleta de dados para decisões em tempo real e, acima de tudo, abraçamos a mentalidade de longo prazo: vencer campeonatos é consequência de aprender a aprender.

De lá pra cá, troquei o crachá de aluno pelo de mentor e comecei a multiplicar o que havia aprendido. E descobri, com os estudantes, que orientação consistente muda tudo: desde a confiança para defender um projeto diante dos juízes à primeira peça usinada perfeita, culminando na explosão de alegria depois de uma partida impecável. Ver essa curva de aprendizado em tempo real continua sendo, para mim, a melhor métrica de sucesso.

Esse é o robô da nossa equipe nas playoffs do mundial de 2025

Em 2023, virei a chave de vez: deixei a rotina escolar para me dedicar integralmente à stemOS. Nossa missão é simples de explicar e gigante de cumprir: colocar componentes de qualidade e conhecimento de robótica ao alcance de qualquer equipe brasileira. Hoje importamos, distribuímos e damos suporte a times de FTC e FRC em todo o país. Como voluntário, continuo mentorando equipes, porque treinar a geração que vai consertar este país não cabe apenas no horário comercial.

Dito isso:

Chegando até aqui, você já conhece meu ponto de partida: prática de campo, conceitos de tecnologia e uma paixão por resolver problemas. Durante as próximas postagens quero documentar mais sobre minha jornada, o que funciona e o que falha, sem descartar o contexto brasileiro. Pretendo publicar análises de design de robôs, automação no cotidiano e o que mais eu achar interessante falar sobre.

Se essa busca por engenharia com propósito fizer sentido para você, fique por perto. 

©2025 Bruno Toso

©2025 Bruno Toso